Precauções da Guerra Fria ajudam Finlândia contra o coronavírus

16 de abril de 2020 3 minutos
Quarentena em Helsinque Finlândia

Durante a Guerra Fria, a Finlândia tornou-se um exemplo de nação precavida – e essa virtude tem sido uma de suas forças no combate ao coronavírus. É também graças a essa postura que a taxa finlandesa de letalidade na pandemia está em de 2,2%. O número, um dos menores da Europa, está bem abaixo da mundial, de 6,7%. Até esta quinta-feira (16/4), a covid-19 tinha matado 75 pessoas no país, que registrou, oficialmente, 3369 casos da doença.

O histórico de precaução desenvolveu-se a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Nas décadas que se seguiram ao conflito, o país passou a criar estoques de diversos itens para se preparar para uma catástrofe. Quando o coronavírus chegou à Finlândia, havia lá tudo o que tem faltado no restante do mundo, como equipamentos de proteção usados em hospitais, máscaras cirúrgicas e suprimentos médicos. As máscaras estavam velhas, mas funcionais.

Os estoques não se restringem a itens de saúde. O país também criou o hábito de estocar produtos agrícolas, como óleo vegetal e grãos. Não há detalhes sobre essas reservas de emergência: ninguém sabe os volumes guardados de cada item nem sua localização. Essas informações são sigilosas.

“Pronta para a Terceira Guerra Mundial”

“Entre as nórdicas, a Finlândia é a nação precavida”, disse ao jornal The New York Times  Magnus Hakenstad, pesquisador do Instituto Norueguês de Estudos sobre Defesa. “O país está sempre pronto para uma grande catástrofe ou a Terceira Guerra Mundial.” Os finlandeses têm a Agência Nacional de Suprimentos de Emergência para administrar esses estoques. As origens do órgão datam de 1924, apenas sete anos depois de o país declarar sua independência.

Sua localização geográfica e lições aprendidas ao longo da história ajudam a explicar por que a Finlândia adota a postura de se preparar para o pior. O país, que fez parte do Império Russo até conquistar sua soberania, lutou contra uma invasão soviética em 1939, ano do início da Segunda Guerra Mundial.

Além disso, diferentemente da Suécia, que tem acesso direto ao Mar do Norte em sua costa oeste, a maior parte do comércio finlandês passa pelo Mar Báltico. Esse fator é visto como uma vulnerabilidade, já que a Finlândia precisa confiar que nada dará errado no Báltico para ela não ficar sem suprimentos.

Precauções em várias frentes

Foi também a postura precavida que fez a Finlândia, bem antes da pandemia, lançar uma iniciativa para combater notícias falsas. Em 2018, o país começou a “treinar” influenciadores digitais para eles levarem a seus seguidores informações confiáveis ​​em uma grave crise. Esse projeto tem sido usado agora na luta contra o coronavírus (leia aqui a matéria do Scandinavian Way sobre o projeto).

A Finlândia também reafirmou sua precaução ao adotar medidas de isolamento social já na segunda semana de março. Algumas dessas restrições começaram a ser abandonadas paulatinamente, como os bloqueios das rodovias no entorno da capital, Helsinque. O país espera reabrir escolas e espaços públicos até o dia 13 de maio.

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